quarta-feira, maio 5

.:. CRACK - Droga Avança na Classe Média .:.





Droga avança na classe média Especialistas alertam sobre a mudança no perfil dos consumidores, que antes eram das classes C e D, e sobre a falta de centros para tratamento especializado

Marcionila Teixeira

Um novo mapa do usuário de crack está desenhado no estado. A droga, antes usada principalmente pelas classes C e D , entrou no mundo supostamente blindado dos adultos e da classe média e até na alta. O fenômeno, observado pelos especialistas ao longo dos últimos cinco anos, não estancou na idade e na classe social. O crack também está dominando os usuários de outros entorpecentes. Eles trocam cada vez mais o álcool, a maconha, a cola de sapateiro ou a cocaína pelas pedras. Considerada de efeito devastador, essa droga, por enquanto, vence a batalha. E acende o sinal de alerta: o ritmo frenético de crescimento no número de dependentes não foi acompanhado na mesma velocidade pela criação de unidades de tratamento e internamento. Se transformou em um problema de saúde pública. E de segurança.

O psiquiatra e diretor do Instituto Recife Atenção Integral aos Dependentes (Raid), Evaldo Melo, reconhece que não esperava esse perfil de migração no uso do crack. "Havia muito preconceito em relação à droga. Achava-se que era de pobre e de adolescente. Que não havia necessidade de internação. Hoje a população que precisa de tratamento está desassistida em todo o país. Isso é muito grave. O Ministério da Saúde tem que correr atrás de uma omissão que começou há cinco anos", alerta. Segundo Melo, atualmente 50% dos internos do Raid são dependentes desse entorpecente. Há cinco anos esse índice de ocupação era de apenas 10%. No instituto, o internamento pode durar até 60 dias e custa em média R$ 3 mil.


Para especialistas como Melo, o dependente do crack em estágio avançado (que rouba ou vende os próprios bens para sustentar o vício, se afasta do convívio social e familiar) somente tem boas chances de superar o problema através de internamento. Que precisa, na maior parte das vezes, ser voluntário. Ou seja, partir do interesse do usuário. Além das clínicas particulares, como o Raid, no estado há poucas opções de tratamento gratuitas. Um outro obstáculo é que nesses locais as equipes não são capacitadas para lidar com o usuário do crack, que ainda é muito estigmatizado.


Caminhos de apoio - Os Centros de Assistência Psicossocial Álcool e Drogas (Caps/AD), instalados em apenas cinco dos 185 municípios pernambucanos, são uma alternativa para aconselhamento às famílias e atendimentos rápidos. Os hospitais Otávio de Freitas e da Mirueira somente atendem emergências. As opções de internamento gratuito são as três Casas do Meio do Caminho, que seguem o modelo do Raid, e as comunidades terapêuticas, que pregam a abstinência e apostam na religião para afastar o vício. Essas últimas nem sempre bem vistas por médicos que dizem que ao final do tratamento o interno apenas troca a dependência das drogas pela religiosa. Outros falam que sem o suporte médico o índice de recaída chega a 80%.

"Aceitamos qualquer pessoa. Estudamos a Bíblia, somos cristãos, temos terapia ocupacional, espiritual, artesanato, reciclagem, criação de galinhas, dinâmica de grupo. Hoje não conseguimos atender a demanda. Temosmais de 30 na fila de espera", comentou Éverton Santos de Oliveira, da coordenação do Desafio Jovem, comunidade terapêutica de cunho evangélico. Oliveira registra, em média, 40% de recuperação após um internamento de sete meses, que, segundo ele, não inclui medicação.

Músico, 33 anos, usuário de álcool e maconha, Lucas (nome fictício) migrou para o crack no final do ano passado. Na terceira vez em que usou a droga, se viciou. As pedras chegaram a servir de consolo depois de uma separação conjugal. Há cerca de três meses, foi levado por um vizinho para uma igreja evangélica. Conta que rezou e teve força de vontade para sair do vício. Ainda resiste. "Usava para esquecer os problemas, mas tudo piorava. Vendi TV, fogão e até instrumento musical para comprar crack. Até hoje ainda sinto uma vontade enorme de fumar. Tive que me afastar de todos que usavam", desabafa. Por enquanto, o músico desafia as estatísticas de reincidência. Luta por um destino sem os efeitos da droga.

Fontes : Diário de Pe - Edição de 27 Setembro de 2009.
Fotos : billvaz.wordpress.com/2010/03/26/ | blogdamariazinha.files.wordpress.com/2009/11/...| www.manreza.com.br/.../uploads/2009/07/crack.jpg



Novas unidades para os dependentes da pedra

A Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania prevê, no próximo mês, o lançamento de seis unidades do Centro de Atenção ao Usuário de Drogas (Caud), sendo três para abrigamento e três para atendimento. Equipes de psicólogos e assistentes sociais vão atuar nesses locais. Como se tratar de uma secretaria ligada à assistência social, não estão previstos médicos e enfermeiros. O governo do estado garante que vai levar o assunto crack para o topo da lista de prioridades. Isso inclui conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o aproveitamento das informações coletadas pela delegada Silvana Lélis, que atua no combate a homicídios .


Um estudo realizado pela delegada no dia a dia de seu trabalho apontou que o tráfico e o enriquecimento rápido estão diretamente ligados aos crimes, enquanto a compulsão pelo consumo remete às mortes patrimoniais. "Uma pessoa dependente consome de 10 a 30 pedras por noite. Isso significa, em média, R$ 1 mil por mês. Esse gasto é incompatível com a renda das classes mais desfavorecidas. Por isso praticam atividades ilícitas para ter a droga", explicou.


Silvana Lélis defende em seu estudo a criação urgente de clínicas de desintoxicação específicas para dependentes de crack compostas por psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais. "Depois de receberem alta, caso voltassem a usar a droga, poderiam procurar por conta própria unidades voluntárias". Na opinião da delegada, a lei precisa, no mínimo, obrigar o usuário a ser atendido em uma clínica de reabilitação. Seria, acredita, como um freio moral para o viciado.

Redução de danos - A Secretaria Estadual de Saúde está preparando a campanha Pise na lata, que deve ser lançada no próximo mês com a proposta de reduzir riscos para a saúde do usuário. "A ideia é levar as pessoas a inutilizarem as latas de aço e alumínio para que não sejam usadas pelos dependentes de crack para fumar. Esses metais também são ingeridos junto com a fumaça e fazem mal ao organismo. Não adianta só demonizar a droga. Se vai fumar, pelo menos não utilize a lata", explica Flávio Campos, especialista em redução de danos da Gerência de Atenção à Saúde Mental do estado.

Caminho do crack no organismo

- O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares
- Via alvéolos, o crack cai na circulação e atinge o cérebro
- No cérebro, os dentritos, prologamentos existentes nos neurônios (células do sistema. nervoso), têm um pequeno espaço livre chamado sinapse, onde substâncias químicas são liberadas e absorvidas, entre elas a dopamina. Quando surge o estímulo que dá prazer, a dopamina cai no interior da sinapse, penetra nos receptores do neurônio seguinte e transmite a sensação de prazer. A dopamina que sobra na sinapse é reabsorvida pelos receptores da membrana do neurônio que emitiu o sinal e a sensação de prazer, que dura cerca de 5 minutos, desaparece
- A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame cerebral
- O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea
- No fígado ele é metabolizado
- A droga é eliminada pela urina


Onde procurar ajuda para os dependentes do crack

Recife
- CAPS ad - Estação Vicente Araújo - CATEGORIA ÁLCOOL E DROGAS. Recife/DS II. Rua Augusto Rodrigues, 165, Torreão, Recife. CEP 52030-180

- CAPS ad 24hs- CPTRA- Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação do Alcoolismo. Recife/DS III, Rua Rosa e Silva, 2130- Tamarineira, Recife. CEP 52050-020


- CAPS ad CECRH - Centro Eulâmpio Cordeiro de Recuperação Humana, Recife/DS IV, Rua Rondônia, 100 - Cordeiro, Recife. CEP 50720.710

- CAPS ad - Professor José Lucena, Recife/DS VI, Rua Itajaí, 418 - Imbiribeira, Recife. CEP 51200-020

- CAPS ad e Casa do Meio do Caminho - Albergue Terapêutico - Prof. René Ribeiro. Recife/DS V, Rua Jacira, 210, Afogados, Recife. CEP 50770-230 (internamento para homens por até 60 dias)

- CAPS (Centro de Atendimento Psicosocial) ad e Casa do Meio do Caminho - Albergue Terapêutico - Espaço Prof. Luiz Cerqueira. Recife/DS I. Rua Álvares de Azevedo, 80, Santo Amaro, Recife. CEP 50100-040 (internamento para homens por até 60 dias)

- CAPS ad (álcool e drogas) e Casa do Meio doCaminho - Espaço Jandira Mansur - Recife/DS I - Rua Hamilton Ribeiro, 236, Campo Grande, Recife. CEP 52031-090 (internamento para mulheres por até 60 dias)

Olinda

- CAPS ad - Dr. Antonio Carlos Escobar, Olinda, Rua Jardim Fragoso, S/N - Jardim Fragoso, Olinda. CEP 53060-770

Paulista

- CAPS ad - Maria Eliane Aguiar, Paulista, Av. Dr. Rodolfo Aureliano, 798 - Vila Torres Galvão, Paulista. CEP 53.401-901

Cabo

- CAPS ad - Pastor Armando José da Silva, Cabo, Av. Historiador Pereira da Costa, 736 - Centro de Cabo. CEP 54510-360 *

Interior

- CAPS ad - Petrolina, Petrolina, Rua Simpatia,229 - Centro, Petrolina. CEP 56306-040

Comunidade terapêutica

- Desafio Jovem: Av Afonso Olindense, 46 - Várzea. Recife - PE, CEP: 50810000. 81 3274-1858 81 3274-1858 (comunidade terapêutica de cunho evangélico para internamento)

Hospitais

- Hospital Otávio de Freitas: Rua Aprígio Guimarães, Tejipió, Recife - PE. CEP: 50920640 - Fone: 3252-8500 (internamento apenas em situações de crise)

- Hospital da Mirueira Estrada da Mirueira, Mirueira, Paulista - PE. CEP: 53405300. Fones: 3437-1888 e 3437-2051. (internamento apenas em situações de crise)


Não fique só ! Nós do Celebrando a Restauração teremos prazer em ter você conosco para partilhar da sua  dor, num local seguro para falar das suas lutas e juntos buscar a restauração !
 

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