quarta-feira, outubro 23

Oito novas doenças provocadas pelo uso da Internet. Você tem alguma?

É oficial. Conheça os disturbios que surgiram – ou pioraram – por conta do uso quase compulsivo da Internet e dos dispositivos digitais móveis
Publicado no IDG Now!
A Internet é um buffet infinito de vídeos de gatos, TV e Instagrams de celebridades. Mas ela também pode estar aos poucos levando você à beira da insanidade. E não estamos aqui usando nenhuma figura de linguagem.
À medida que a Internet evoluiu para ser onipresente da vida moderna, testemunhamos o aumento de uma série de transtornos mentais distintos ligados diretamente ao uso da tecnologia digital. Até recentemente, esses problemas, amenos ou destrutivos, não tinham sido reconhecidos oficialmente pela comunidade médica.
Algumas dessas desordens são novas versões de aflições antigas, renovadas pela era da banda larga móvel, enquanto outras são criaturas completamente novas. Não fique surpreso se você sentir uma pontinha de – pelo menos – uma ou duas delas.
Síndrome do toque fantasma
O que é: quando o seu cérebro faz com que você pense que seu celular está vibrando no seu bolso (ou bolsa, se você preferir).
Alguma vez você já tirou o telefone do bolso porque o sentiu tocar e percebeu depois que ele estava no silencioso o tempo todo? E, ainda mais estranho, ele nem estava no seu bolso para começo de conversa? Você pode estar delirando um pouco, mas não está sozinho.
Segundo o Dr. Larry Rosen, autor do livro iDisorder, 70% dos heavy users (usuários intensivos) de dispositivos móveis já relataram ter experimentado o telefone tocando ou vibrando mesmo sem ter recebido nenhuma ligação. Tudo graças a mecanismos de resposta perdidos em nossos cérebros.
“Provavelmente sempre sentimos um leve formigamento no nosso bolso. Há algumas décadas nós teríamos apenas assumido que isso era uma leve coceira e teríamos coçado”, diz Rosen em entrevista ao TechHive.
“Mas agora, nós configuramos o nosso mundo social para girar em torno dessa pequena caixa em nosso bolso. Então, sempre que sentimos um formigamento, recebemos uma explosão de neurotransmissores do nosso cérebro que podem causar tanto ansiedade quanto prazer e nos preparam para agir. Mas ao invés de achar que é uma coceira, reagimos como se fosse o telefone que temos que atender prontamente”, completa.
No futuro, com a computação vestível, há o risco da doença evoluir para novas formas, como, por exemplo, usuários de Google Glass começarem a ver coisas que não existem porque seu cérebro está ligado a sinais típicos do aparelho.
Nomophobia
O que é: a ansiedade que surge por não ter acesso a um dispositivo móvel. O termo “Nomophobia” é uma abreviatura de “no-mobile phobia” (medo de ficar sem telefone móvel).
Sabe aquela horrível sensação de estar desconectado quando acaba a bateria do seu celular e não há tomada elétrica disponível? Para alguns de nós, há um caminho neural que associa diretamente essa sensação desconfortável de privação tecnológica a um tremendo ataque de ansiedade.
A nomophobia é o aumento acentuado da ansiedade que algumas pessoas sentem quando são separadas de seus telefones. E não se engane, pois não se trata de um #FirstWorldProblem (problema de primeiro mundo). O distúrbio pode ter efeitos negativos muito reais na vida das pessoas no mundo todo. E é mais intenso nos heavy users de dispositivos móveis
Tanto que essa condição encontrou seu caminho na mais recente edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5, ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais) e levou a um programa de tratamento dedicado à Nomophobia no Centro de Recuperação Morningside em Newport Beach, Califórnia.
“Estamos condicionados a prestar atenção às notificações dos nossos telefones”, disse Rosen. “Somos como os cães de Pavlov, de certa forma. Você vê as pessoas pegarem seus celulares e dois minutos depois fazerem a mesma coisa, mesmo que nada tenha ocorrido. Isso é impulsionado pela ação reflexa, bem como pela ansiedade para se certificar de que não ter perdido nada. É tudo parte da reação FOMO (Fear Of Missing Out, ou medo de estar perdendo algo).”
Náusea Digital (Cybersickness)
Fonte: TechHive
O que é: a desorientação e vertigem que algumas pessoas sentem quando interagem com determinados ambientes digitais.
A última versão do iOS, sistema operacional móvel da Apple, é uma reivenção plana, versátil e bonita da interface do usuário móvel. Infelizmente, ela também faz as pessoas vomitarem e forneceu o mais recente exemplo da doença.
Assim que a nova versão do iOS foi liberada para os usuários de iPhone e iPad no mês passado, os fóruns de suporte da Apple começaram a encher com reclamações de pessoas que sentem desorientação e náuseas depois de usar a nova interface.
Isso tem sido atribuído em grande parte ao efeito que faz com que os ícones e a tela de abertura pareçam estar se movendo dentro de um mundo tridimensional abaixo do visor de vidro.
Essas tonturas e náuseas resultantes de um ambiente virtual foram apelidadas de ciberdoença. O termo surgiu na década de 1990 para descrever a sensação de desorientação vivida por usuários iniciais de sistemas de realidade virtual. É basicamente o nosso cérebro sendo enganado e ficando enjoado por conta da sensação de movimento quando não estamos realmente nos movimentando.
Depressão de Facebook
Fonte: TechHive
O que é: a depressão causada por interações sociais (ou a falta de) no Facebook.
Os seres humanos são criaturas sociais. Então você pode pensar que o aumento da comunicação facilitada pelas mídias sociais faria todos nós mais felizes e mais contentes. Na verdade, o oposto é que parece ser verdade.
Um estudo da Universidade de Michigan mostra que o grau de depressão entre jovens corresponde diretamente ao montante de tempo que eles gastam no Facebook.
Uma possível razão é que as pessoas tendem a postar apenas as boas notícias sobre eles mesmos na rede social: férias, promoções, fotos de festas, etc. Então é super fácil cair na falsa crença de que todos estão vivendo vidas muito mais felizes e bem-sucedidas que você (quando isso pode não ser o caso).
Tenha em mente que esse crescimento da interação das mídias sociais não tem que levar ao desespero.
O Dr. Rosen também conduziu um estudo sobre o estado emocional dos usuários do Facebook e identificou que, enquanto realmente há uma relação entre o uso do Facebook e problemas emocionais como depressão, os usuários que possuem um grande número de amigos na rede social mostraram ter menor incidência de tensão emocional.
Isso é particularmente verdade quando o uso da mídia social é combinado com outras formas de comunicação, como falar ao telefone.
Moral da história: 1) não acredite em tudo o que seus amigos postam no Facebook e 2) pegue o telefone de vez em quando.
Transtorno de Dependência da Internet
Fonte: TechHive
O que é: uma vontade constante e não saudável de acessar à Internet.
O Transtorno de Dependência da Internet (por vezes referido como Uso Problemático da Internet) é o uso excessivo e irracional da Internet que interfere na vida cotidiana. Os termos “dependência” e “transtorno” são um pouco controversos na comunidade médica, já que a utilização compulsiva da Internet é vista frequentemente como sintoma de um problema maior, em vez de ser considerada a própria doença.
“Diagnósticos duplos fazem parte de tratamentos, de modo que o problema está associado a outras doenças, como depressão, TOC, Transtorno de Déficit de Atenção e ansiedade social”, diz a Dra. Kimberly Young. A médica é responsável pelo Centro de Dependência da Internet, que trata de inúmeras formas de dependência à rede, como o vício de jogos online e jogos de azar, e vício em cibersexo.

sexta-feira, outubro 18

A luta contra o consumismo


Título original: Você precisa de muito para ser feliz? Minimalistas pensam o oposto
Publicado no UOL



O casal Samantha Shiraishi e Guilherme Nunes da Silva, com os filhos Giorgio (esq.), Manu (no colo) e Enzo

Simplificar a vida e se concentrar no mais importante é a essência do estilo de vida minimalista. Isso significa não acumular objetos, organizar a bagunça, descomplicar a rotina e ter tempo para fazer o que gosta e conviver com pessoas queridas. No minimalismo, movimento inspirado nas artes, a ideia é viver com menos. Porém, a opção, também conhecida como simplicidade voluntária, não tem a ver com falta de dinheiro.

"É uma escolha típica de pessoas das classes média e alta, que, justamente por terem tido acesso à sociedade do consumo, se frustraram e optaram por outro estilo de vida", explica Jelson Oliveira, professor e coordenador do programa de pós-graduação em Filosofia da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

O professor vem estudando o tema para escrever o livro "Simplicidade", último volume de sua trilogia "Sabedoria Prática", publicada pela Editora Champagnat, previsto para ser lançado este ano. Em seu diagnóstico, Oliveira nota que o apelo à simplicidade está crescendo como resposta ao cansaço do mundo do excessos, "que não é capaz de satisfazer os desejos humanos mais profundos".

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Planeje umas férias em casa. Não precisa gastar dinheiro nem ir para longe para
 relaxar e passar uns dias diferentes. Fique em casa e redescubra a sua região,
visite museus e parques. Fuja da rotina, mas em casa. Getty Images

A percepção de que não precisava de muitas coisas para ser feliz foi o que motivou Samantha Shiraishi, estrategista e ativista digital, 40 anos, a adotar um modo de vida minimalista. O aprendizado veio da experiência de morar com o marido no Japão, onde teve de abrir mão do espaço a que estava acostumada para viver em um espremido conjugado, em que até a cama (na verdade, um colchão japonês) ia para o guarda-roupa depois de usada, para o casal poder circular.

"De repente, eu não tinha mais nada daquela estrutura que estava habituada. Foi uma experiência de desapego", relembra Samantha. Além disso, o fato de ter passado por dois terremotos também influenciou a mudança de vida na volta para o Brasil. "Percebi que, para sobreviver, você não precisa de muito e que, às vezes, o excesso sufoca".
Consumismo

Atualmente, Samantha mora com o marido e três filhos em um apartamento de cerca de 80 metros quadrados em São Paulo. Ela busca manter poucos móveis e levar uma vida prática. Mas o exercício do desapego é constante. Recentemente, teve de se desfazer de uma mesa de jantar com seis lugares e uma cristaleira de madeira de mais de 80 anos, herança da avó, para sobrar espaço para a filha caçula, de quatro meses. "Não cabia mais na nossa vida".

Não acumular e consumir de forma consciente é um dos mantras do minimalismo no dia a dia. O instrumentista e professor substituto de Música da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Jorge Santos, 30 anos, pode ser considerado um exemplo de consumidor frugal, apesar de dispensar o rótulo de minimalista. "Tenho o hábito de sempre questionar a necessidade de comprar certos objetos", afirma.


Esse comportamento está tão enraizado na vida do músico que, às vezes, ele tem dificuldade de adquirir coisas novas, como óculos de sol, que vem cogitando comprar há quase dois anos. "Fico avaliando o quanto realmente preciso disso, se não é apenas desejo".

Jorge Santos também procura doar tudo o que não usa e se livra dos objetos com facilidade. "Não quero ficar preso. Minha vontade era poder me mudar e não ter nada para levar".

Para quem ainda não chegou a esse grau de desapego, mas gostaria de consumir com mais moderação, o professor e filósofo Jelson Oliveira recomenda fazer três perguntas básicas antes de efetuar qualquer compra: "Preciso?", "Preciso agora?" e "Posso pagar?". Depois de responder a esses três questionamentos, fica mais difícil gastar por impulso.
Vida simples

O estilo de vida minimalista não se resume à economia de bens materiais. Para os entusiastas da ideia, a intenção é simplificar tudo para ter menos com o que se preocupar e desfrutar melhor do que traz mais felicidade.

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