segunda-feira, maio 6

Baixa autoestima x relações doentias


É A BAIXA AUTOESTIMA QUE PRODUZ E ALIMENTA AS RELAÇÕES DOENTIAS

Quando um dos parceiros não se ama e não se respeita, não pode exigir que o outro o ame e respeite. Pessoas assim acabam entrando em relações que rapidamente descambam para a agressividade, para a humilhação. A única maneira de mudar o panorama é a transformação desse parceiro, de dentro para fora, de forma que passe a se valorizar para, consequentemente, ser valorizado.

O que será que será/ Que dá dentro da gente e que não devia/ Que desacata a gente, que é revelia/ Que é feito uma aguardente que não sacia...”. A letra da música O que Será, ou À Flor da Pele, do compositor e cantor Chico Buarque (68), nos vem à mente quando pensamos no que se passa com pessoas que insistem em relações tóxicas, doentias, permeadas de humilhações e cobranças sem propósito, relações nas quais um dos parceiros não está “nem aí” para os sentimentos do outro.
Um relacionamento não pode dar certo quando se perde o respeito — pelo outro ou por si mesmo, afinal, não podemos exigir de ninguém sentimentos que não temos por nós. A autoestima é a “mola mestra” para uma relação seguir em frente. Sem ela, nada de bom acontece. Nem é preciso ir à cartomante Ragilda, famosa no Rio, para saber: é certo como 1 + 1= 2. Na relação amorosa é necessário primeiro gostar de si, porque ninguém pede o que não  tem e nem dá o que não pode. Como uma pessoa pode dar amor se ele falta nela? Amor é troca. Se só um dá é dependência. E,  quando um depende, é porque algo precisa ser revisto.
Quanto mais um permite que o outro o desvalorize e o desrepeite, mais a relação e os sentimentos perdem sua força, até que esta se esvai totalmente. E, quanto mais baixa estiver a autoestima, mais difícil será elevá-la. Quem deixa a situação chegar ao fundo do poço precisa juntar todas as suas forças para levantar a cabeça e procurar novos ares. Abandonar a relação doentia é fundamental para que a pessoa humilhada restitua o amor-próprio. Só assim ela se fortalecerá para poder encontrar alguém que a faça feliz.
Não adianta ficar se perguntando “o que existe em mim que estimula tanto desafeto, tanta agressão?” Muitas vezes o parceiro que agride vê na outra pessoa um espelho que reflete a sua própria imagem, ou melhor, aquilo que ele teme ou não entende em si mesmo. Então, já que não pode fugir de si, ele foge do parceiro; já que não pode brigar consigo, ele o agride. 
O que fazer quando a gente se encontra nessa situação? Antes de mais nada, é preciso melhorar a autoestima e o respeito por si mesmo. Ninguém vai gostar de alguém que não gosta de si. É necessário fugir de pensamentos do tipo: “Como alguém pode querer uma porcaria como eu, se nem quem eu amo tanto me quis!” Quando se chega a esse ponto, é urgente tomar uma atitude. Essa atitude inclui rever esse amor doente, seja para tentar curá-lo, seja para pensar para a frente, em outras possibilidades. Ninguém sente atração por uma pessoa que exala tristeza, baixo-astral e mau humor.
Depois dessa primeira sacudida, é necessário acreditar na própria capacidade e sentimentos, lembrar que dentro de cada um de nós tem sempre um pedacinho capaz de se erguer nas mais adversas situações. Repetir como um mantra: “Eu sou capaz de mudar!”. Esse exercício oxigena a autoestima e resgata o respeito por si.
É fácil? Não. São mudanças de dentro para fora. Mas só implementando-as podemos mudar o modo como o outro nos vê. Se estamos felizes, se nos amamos, podemos doar amor e parar de exigir que nosso amor próprio seja construído com o da pessoa amada. Ele ou ela poderá ir ou ficar, mas, se ficar, ficará de forma mais harmônica e equilibrada.
REVISTA CARAS | 2 DE MAIO DE 2013 (EDIÇÃO 1017 - ANO 19

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